Definição de Boogie:
"Uma dança embaraçosa que os seus pais fazem quando estão bêbados"
Definição de Fado:
"Em Trás-os-M. Pândega, pouca-vergonha."
quinta-feira, dezembro 06, 2012
Ode ao mundo (e aos que nele ainda persistem)
Mas discípulo, sou, de todos os com que privei, e os que adquiri por palavras encadeadas entre belas e feias capas.
Faço disso meu sonho, não fé ou dogmas, mas um constante abalar da minha própria fundação.
Sou tanto pessoa como Pessoa, tão filho como o meu pai, tão feliz como o Hobbes e o Calvin seu dono, de Quino da Mafalda, de Asterix a Saramago.
Sou Deus e Cristo , sou ateu e triste.
Sou todo o mundo inalcançável de Shakespeare e camões, sonhador como Poe e com a mesma sede de Bocage...
Sou o infinito longe de mim, incerto de tecto no universo humano e de toda a humanidade, sou a bela vida de Caeiro e a feia arte do perfeito Maldoror.
Sou irmão de todos estes, e dos que esqueci, ansiando a absolvição prostrado de joelhos como M.Sá Carneiro perante todos os Mestres.
Mas antes de tudo, sou filho do Luis, homem mau para o negócio, mas bom para tudo e todos, sou filho da Ana a Mãe dos olhos perfeitos, Irmão de de uma outra Ana plena de sonhos e felicidade.
Sou tanto e nada, herdeiro de tantos e bons na verdadeira concepção da palavra.
Sou isto, um nada em crescendo.
Esse nada que a Náusea assiste.
Caminhando como todos, do mendigo ao rico,
para o certo vazio.
Como todos, rodeado do mundo.
Tão frio e doente,
tão doce e quente.
Que ainda sinto.
sexta-feira, outubro 26, 2012
26-10-2012 Évora
De águas e pontes muita chuva fez correr a vida, tanto, que só desta forma percebemos quão pequenos e tão grandes somos no decorrer da nossa vida, em toda a sua totalidade, seja no passado, ou futuro, nunca realizando que para o presente mal olhamos.
sábado, outubro 20, 2012
Fátima 20-10-2012
moribundo observei.
Inundado pelas gentes,
pombos rezas e crentes.
vinda de um deus que não é o meu,
e que a tantos leva o breu.
triste e enraivecido,
por não ter fé no meu espírito.
bastava esta paz,
vinda de todos, tão iguais a mim e a tudo o que é ser.
quinta-feira, outubro 18, 2012
Um dia eu vi
sábado, outubro 13, 2012
Até já
Levanto-me de manhã na alvorada fria, o desconforto do despertar invade-me.
Visto a roupa para o dia, pego na alça da mochila, carrego a de um só movimento para as costas.
Num relance abro a janela como quem vê a luz do que vai ser , botas apertadas, abre-se a porta e deixa-se para trás o mundo que não carregamos, entra-se no inevitável e estranho, no real e pormenorizado mundo, na imensidão da paisagem carregada de imprevisibilidade.
Pé ante pé, em direcção ao infinito,
ansioso pelo que a vida pode ensinar
nas montanhas novas que há por escalar.
domingo, setembro 30, 2012
pigarreia o pensamento e desobstrui o frio.
Só, por entre uma réstia de queijo curado e seco, um paio seboso e saboroso, traga-se o tinto doce e amargo, pesado e leve, deixando a língua aveludada.
Ouvindo carnavais lá fora, bombos e gritarias, o tinto se recolhe ao silencio dos estores descansados, recolhido ao meu copo, encolhido no fundo e expansivo no estomago.
Pigarreia a garganta, aquece o pensar, e produz o aveludar.
Pigarreia o senhor?
Pigarreie, mas o tinto é tão bom como o meu?
Deixe-se estar senhor, somos de vidas diferentes,
você é rico, eu pobre
Para mim tudo é dos céus,
e para si?
quinta-feira, setembro 13, 2012
Hoje, não é diferente dos outros anos que me lembram que não esqueci o lembrar.
Em pessoa que não conheço já, apresenta-se na minha pessoa uma consciência sobrevalorizada e desproporcionada com a realidade circundante.
Tudo o resto é estranho, escorregadio e de cheiro a mofo, as acções são de misera consequência e de baixo peso sobre o futuro.
A escrita deixa de ser minha quando a realidade deixa de ser minha.
sexta-feira, agosto 24, 2012
longe vai
sentar e ficar em plenitude na realidade que se vive.
Longe vai a paz da ocasião, do que se quer e queremos ser .
Hoje somos só a razão sobre a raiva que busca a vontade de explodir,
explodir no mundo, nos próximos e afastados, já não nos vemos a nós proprios,
não compreendemos que o mundo que repudiamos em nós existe.
Longe vai o tempo do sonho...
O tempo do sonho que se imagina sem a preocupação de querer sonhar.
Longe vamos nós,
de nós mesmos.
segunda-feira, agosto 13, 2012
simplesmente caminho.
Como um estúpido, ingénuo e feliz infeliz, eu vou seguindo o vazio que o cansaço da curiosidade me trouxe.
Sigo rumo ao nada que sempre enfrentarei.
Se sempre será vazio...
Mais vale não me inquietar com as perguntas (às quais nunca haverá resposta?).
Em frente pé ante pé.
Deliciando-me pela viagem.
Adiante.
quinta-feira, agosto 09, 2012
Férias
Terras e casas desconhecidas, pés e mãos imundas, unhas de terra incrustadas por montanhas escaladas.
Por onde andas tu que não te encontram?
Sou eu que me perco, não me procurem a vida, estou a fugir dela querendo viver.
Serás algum dia como todos os outros?
Um dia serei, mas aí não me encontrarei.
quarta-feira, junho 20, 2012
Habituado o ser existe,
sexta-feira, junho 15, 2012
Senhor Pastor
tudo lembra a chuva que vem,
e nesta hora que o sol se apronta,
vem o pastor,
que a falar verdade,
além de nos versos, nunca vi um que o fosse,
a falar verdade,
a merda de ovelha também cheira mal.
terça-feira, junho 12, 2012
Literatura e tudo o resto
Tudo à volta do mesmo,
do umbigo, do amor, da vida, da morte.
Mas o que é belo, ignoramos.
Está na hora de abrir as janelas.
Ou se atiram delas,
ou apreciam a paisagem.
sexta-feira, junho 01, 2012
Chegar a velho
Viver tudo até ao fim,
fazer tudo para chegar a velho?
E velho nada ser?
Porque não a própria vida, todos os dias e segundos, todas as manhãs e noites como a ultima?
Porque somos todos o mesmo, sempre vivendo além do que não queremos, e nunca iremos ser, realizando o nada, prolongando o visita.
A visita, é feita para ser apreciada, senão quando a acabarmos, estaremos vazios de nada, seremos sempre o nada.
Apreciando, acabaremos e estaremos com o mesmo nada, mas ao menos apreciámos, sentimos, e mais importante que tudo sobre qualquer uma ideia do que é ser, é o facto, pleno e simples, que nos faz realizar que nesta utópica visita, vivemos.
segunda-feira, maio 28, 2012
Mochila
o desassossego se desmarca,
a imensidão se torna escassa,
a realidade realiza-se através do próprio ser
sem o excesso de ideias, ou pensamentos marcados.
Tudo se encaixa e deixa de ser maior,
para ser simples e verdadeiramente real,
quando a mochila se carrega,
em caminhos longos e incógnitos,
a vida é séria, não mais fútil do próprio querer.
Quando a mochila se carrega,
a vontade toma lugar,
e jamais outros irreais desejos, terão mais força,
que a liberdade de ser só, pé ante pé,
para um destino desconhecido, tão perto de alcançar,
tão longe de tudo,
com tanta liberdade.
Assim se vê que os versos deixam de ter importância,
quando os sonhos se vivem.
quarta-feira, maio 16, 2012
Parece que a noite de ontem...
Tenho um problema de maior,
os vinhos bons não se acabam,
são bons e não há nenhum pior,
só me lembro do cheio que as garrafas estavam.
Da vida e de tudo o resto,
fica aborrecido e muito além.
Que a mim mesmo não me dou por certo,
eu sei, mas sera vida diferente a mais alguém?
''
Há seis copos que digo que é o ultimo,
a verdade é que nisto nao vejo nenhum refugio,
mas sabe bem, oh se sabe bem,
que mundo é esse e quem dele quer saber quando há tanto para provar e ninguém se abstem?
Você faz-me lembrar a mim mesmo, quando tinha a sua idade.
O velho sem nada clamar se interroga.
O jovem simplesmente informa:
Era demasiado confiante, com tanto vivido e tanto por saber, era pouco o certo,você tem tempo, já eu, estou confiante que me resta pouco para ser certo.
domingo, maio 13, 2012
Dito de forma simples
É cagar para tudo
simplesmente ser.
....
Enfrentando tudo, e tudo ultrapassando, dando ao nada a importância necessária.
........
Ou então não poder explicar nada do que atormenta, enrolando pedras encosta acima, sempre subindo para deixar cair tudo sobre o breu, e mais uma vez recomeçar.
...
...
Pacificando a mente para ser o próprio, realizar-se com pedaços de acordes que se deixam perder na imensidão da metafísica, desimaginando o senso da vida, transformando o desassossego na realidade plena que existe, transpondo fronteiras, para o nenhum, todo ele pleno.
...
...
Dito de forma simples?
.
quinta-feira, maio 10, 2012
Senhor
E assim foi, não?
O que?
Mais um copo do vinho, que de bom não era pouco, mas demasiado pouco ficou, tanto que acabou
Mas onde quer chegar?
Que o vinho faleceu, e que faço agora eu?
Pode sempre parar de rimar.
Homem estou bebado, quem me dera eu.
Sugiro que não beba mais vinho.
Rapaz, traga-me um novo jarro.
Acabou
Então tudo acabou.
Vai-se deitar?
Não, traga-me mais tabaco, tenho mais coisas para dizer a mim no resto da noite.
sexta-feira, maio 04, 2012
Meia Noite em Évora
É somente ser eu, o eu presente, o que vive e escreve sobre o que gostava de ver, não o que não existiu, nada de outras eras ou génios e ideais.
Sou o que me faz pleno por estas horas, vivendo, o que me destinei a fazer à minha imagem, sobre todas as afrontas ou as mais pequenas realidades, eu devo viver, porque esta oportunidade não será minha por muito tempo, não, porque não acredito na vida além, serei então aqui, o que posso ser aqui, seja o tempo que é mau, esse que sempre o foi, ou a vida nefasta que sempre intimidou os que dela deviam usufruir.
Sejamos então nós, seres pensantes numa nova idade tão igual como todas as outras, com as mesmas divagações e perguntas que todos criaram apavorados pelo viver.
Ser,
como o mestre nos quis fazer,
esse que vivia do vento
guardava rebanhos e do sol se banhava,
num mundo igualmente mau e feio,
como nós.
Que somos maus e feios,
mas vivemos, como tantos outros,
vivemos.
como outros os foram, pensando carregar a vida,
em vez de nela fluir.
domingo, abril 29, 2012
Escreve
porque ninguém vai ler,
porque os sonhos são o que pensas sem que ninguém veja.
Escreve o que és,
porque ninguém te vai criticar,
porque tu és a soma de todo o teu ser,
sem nada que o contradiga,
porque a vergonha não existe quando te mostras a ti mesmo.
A vida vive, sente, ama, respira e expira, mas só tu a fazes realizar para além de ti.
Sem isso, essa forma de existir para além de ti, ainda que só para um pedaço de nada que a ti próprio apresentas, não pode existir.
Escreve, porque nada é mais belo que deixar soltar as palavras ao precipício, esse que de nós mesmos fugimos,
enfrentamos,
e rimos,
porque não parece o meu eu a dizer aquilo.
Mas no fim,
ao reler o ridículo,
me compreendi.
O quão ridículos somos,
fugindo de nós mesmos.
terça-feira, abril 24, 2012
Hipocrisia
Que coisa, isso de hipocrisia,
maneira de ser de gente pequena,
que não se entende sobre o que lhe assenta,
fauna fria,
não má, só néscia.
culpa deles e da sua mente mal esculpida,
cada um é seu próprio artista,
tristes donos da sua pequena salsicha,
não incha,
não penetra,
tal como seu juízo
não dá uso pra festa
ide à vossa vida,
não desassosseguem os que repousam da malícia.
segunda-feira, abril 23, 2012
Morder lábios
Morder lábios
...
Morder lábios
...
Morder lábios
Estou entretido aqui no banco da praça, olhando a senhora que passa, e sem qualquer intenção de fazer rimas,
esta senhora é muito senhora de si, tem um trajo impecável para os dias de hoje onde o desleixo aliado à pressa é palavra de ordem, mas apesar de caminhar depressa mantêm o passo certo e correcto perante todo o espaço calcetado a percorrer.
O meu tempo é livre e completamente desprovido de objectivo, a senhora que se apressa é mantida no meu aborrecimento que a observa, isto a prende agora ao meu tempo para lhe fazer perguntas enquanto caminha para o outro lado da praça, e se distancia cada vez mais do banco aqui da outra ponta.
Diga-me então a senhora de cabelo consolidado por lacas e outras iguarias modernas, a que deve a sua educação sobre os prazeres carnais, deixe-me reformular a questão, formação, eu queria dizer formação, a senhora apresenta-me um passo regular e olhar em frente, digna de um crescimento rígido, correspondência de um percurso religioso na sua educação que certamente a iria influenciar no acto carnal.
Repare que agora a minha pergunta não tem como objectivo adivinhar as suas fantasias sexuais adormecidas pelo passar dos anos, por agora enquanto ainda me encontro em mim, a pergunta que desejo fazer tem mais a ver com o que imagino e não o que deduzo, isto para afastar de vez a mesquinhez da fonte intelectual, mas para dar espaço à minha imaginação sobre o que eu quero saber.
Morder lábios, é só nisto que me prendo, e vejo que a senhora não se prende pois continua a caminhar praça adentro e eu me mantenho sentado preso nesta conversa inalcançável. Nesse alto de dezenas de anos próximo da centena ou mais próximo da meia, eu imagino a quantidade de coisas que você me pode referir sobre o acto de morder lábios.
Pergunto porque respeito a posição da senhora nesta praça, nunca querendo alcançar a sua respeitosa figura para dentro das minhas fantasias, pergunto porque sou jovem, tanto quanto o posso ser, e vejo e revejo entre eu e os meus pares um excesso de confiança sobre o amor ser só nosso e nele toda a panóplia de gestos que podemos arrancar para sentir um pouco mais.
Mas estas coisas de amor são antigas, já outros trovadores noutros séculos as sentiam e escreviam, mas diga lá então enquanto caminha, que é isso de morder lábios para si e nas suas memórias?
Só consigo imaginar um sem número de memórias suas onde o amor era coisa pura e imaculada, mas sei que tal é impossível perante o ser que sente, porque o amor não se sente só, ele espreme-se com força e reage aos imaculados com a surdez de um grito.
Diga-me a senhora que está prestes a sair da praça pergunto-lhe rápido e em segredo antes que desapareça,
Morder lábios,
era tão bom antigamente como é agora?
sexta-feira, abril 20, 2012
Apresentar perante todos a presença forçada da pessoa não tem de ser a solução quando se quer ser algo que não os outros.
Sejamos então só nós.
Desde que felizes e icógnitos na presença irreal dos outros.
Que se beba vinho, que se brinde e adormeça envolto no nada, melhor que isso não pode haver.
Pinte-se a tela de branco, que todos vejam a beleza do nada, especados olhando o vazio de copos na mão, tristes figuras que deviam ser a tela e não buscar nela o que não existe.
domingo, abril 08, 2012
Antigamente
Iremos falar e olhar nos olhos uns dos outros, sairemos sem telemóveis, incontactáveis e verdadeiros, seremos singulares, felizes e incógnitos, realizados com a realidade seremos amigos dos amigos.
Falaremos com quem nos ouve sobre o que somos, não o que não somos.
Sem nada para fazer, aborrecidos, podemos apreciar uma paisagem ouvindo o nosso pensamento e tudo o que a natureza tem para nos oferecer sem a interferência do excesso supérfluo.
Ora isto meus caros, é o passado.
Já lá não vamos.
Ódio
é mau, corrói,
mas sabe tão bem
não do que se sente ,
nunca vão ouvir quem odeia,
Ter ódio é coisa feia quando se escreve,
fica mal dizer coisas feias,
Vão-se foder todos vós que o merecem,
FODETE
bem juntinhas todas as letras, carregadas de sentimento,
uma bigorna bem pesada que caia em cima dos odiados,
que os foda bem, seja em maneira de dizer ou de verdade,
o que interessa é que se fodam.
Isto melhora a minha pessoa?
Não! Piora!
Mas que se foda, sabe bem dizer ao mundo o que ele nos diz todos os dias.
05/04/2012
quinta-feira, abril 05, 2012
Nada
Além do sentido que procuramos para preencher o vazio está o nada que existe em tudo, mesmo que queiramos algo que não está lá.
Temos que procurar uma razão para tudo, mesmo que não tenhamos, e não temos, caso contrário que faríamos nós num mundo onde não há nada.
Pousei a Náusea, alcancei a onça e meti um filtro à boca enquanto acondicionava os meus pensamentos junto do tabaco no papel de mortalha, enrolei tudo com cuidado e mestria, orgulhoso do cilindro imperfeito acendi o cigarro,
inspirei o nada,
expirei o nada....
Encostei-me na cadeira olhando a janela, estiquei os pés por cima da mesa,
sem Náusea alguma continuei fumando, tal como todos antes de mim,
continuei fumando.
quarta-feira, abril 04, 2012
quarta-feira, março 28, 2012
E olha, mete sofás no inferno.
Seu "Palhaço Metafísico".
domingo, março 25, 2012
A Joana Sonha?
O João, enquanto comia pão,
devia adormecer a mana
queria fazer uma história para a Joana.
Mas era muito difícil contar a história inventada
mais difícil ainda era se fosse rimada.
Mas o João não desistiu
e toda coragem admitiu,
a história viria a qualquer hora
devia vir rápido ou a Joana chora.
Mas rimar rimar rimar
coisa difícil e ela pode chorar
nada para a adormecer e eu não sei cantar,
só sei coisas aborrecidas, nada de pasmar
Reparou então o João
já não havia pão
a mana dormia
e a história fugia
O João deu-lhe um beijo na testa
e foi buscar mais pão.
Mas que história foi esta?
A Joana já sonha
e o João enquanto come pão
na folha escrevinha
“de agora em diante toda história será enfadonha”
domingo, março 18, 2012
Concepção independente da realidade às 5 da manhã
Fazemos escolhas para além das pessoas e dos seus mundinhos que colidem, vivemos de acordo com o que conseguimos atingir em nós próprios, somos um só com o que escolhemos.
E isto não é mau, é simplesmente um filtro que deixamos ou não entrar por escolhas bem feitas, mas se faz mal a realidade ser diferente a quem o demonstramos?
Que interessa isso?
As coisas começam a fazer mais sentido quando atingimos a meta que esse deus nos delineou, quando aceitamos que o sentido é inexistente.
A metaconsciência atinge quem a busca, somente porque a ela mesma lhe pertence.
Devo ter atingido o ponto dos loucos, mas se louco sou? Porque não ei de ser como todos os outros?
E sou, pelo menos penso sê-lo como todos pensamos ser.
Só não tenho que explicar a todos, porque não se explica, é um conjunto de diversos factores que o empirismo nos trás, e nos evidencia a realidade que existe.
Esta metaconsciência plana na ténue linha que separa a realidade da loucura, é frágil, basta um simples vento para desequilibrar a concepção plena da realidade.
Por enquanto ainda não fui expulso da bolha por onde contemplo o mundo.
Felizmente e infelizmente, temos de partilhar o mundo onde vivemos com pessoas que não entendem esta concepção, cada pessoa ainda que fora de nós e dessa bolha, é necessária para podermos desfrutar a inteira realização de ser o que somos, só precisamos de viver com elas, aprender que nós, tal como todos somos animais, constituídos por canalizações e centros nevrálgicos quimicamente modelados tão iguais na sua condição como diferentes na sua modelação ao longo da vida. Somos somente a soma do que vivemos, como todos, mas vivemos aqui, num mundo finito onde todos queremos o mesmo, precisamos então de aguentar a realidade, saber controlar ao máximo aquilo que nos destrói, e desfrutar o que nos constrói.
Mas se fizermos algo de mal, afinal, somos como todos os outros.
E fazemos...sempre algo há-de acontecer porque sim, porque acontece, antes de ser inteligentes somos estúpidos.
A linha da moral, essa é também fina, instável e por vezes ausente, e nós fazemos asneiras.
Como já disse muitas vezes, somos pequenos bichos, livres e presos, e se existisse um deus ele não iria querer estar no nosso lugar, estar aqui é demasiado difícil e complicado tentando equilibrar as coisas, isto para quem pode equilibrar, graças a algo que se pode chamar sociedade média, existem outros que lhe não pertencem, são quem as escolhas de terceiros nos condicionam a ser moral ou implacavelmente destrutivos de forma mútua, criando um ciclo perverso de destruiçã0.
A bolha, a forma de planar, o assistir a vida perante todos e com todos contracenado de forma passiva e neutro, é impossível, mas pode-se tentar.
Assim o quero,
é uma questão de chatices,
e a vida é já demasiado chata para nos chatearmos com ela.
E esse deus que tantos me quiseram fazer acreditar, se existir, terei o maior prazer em lhe demonstrar que estarei errado, porque se existir, tudo tem um principio incorrupto para além da realidade onde morei e todos aqueles para quem existi, caso contrario, a vida será desconsolada, mas ao menos tentei viver num mundo onde não existe um deus em vez de tentar acreditar que existirá um deus quando não vivi.
Quando fechar os olhos,
irei de burro.
de carro.
ou não irei.
talvez fique.
mas se for…
que vá
para o nada
ou para o tudo.
mas vivi, não como os outros.
Fui menos aborrecido, tal como de onde vim.
segunda-feira, março 12, 2012
Sou c'mós outros
domingo, março 04, 2012
Por momentos submergi à realidade
quarta-feira, fevereiro 29, 2012
sábado, fevereiro 25, 2012
terça-feira, fevereiro 14, 2012
Hoje decidi escrever vindo de mim, não de quem é inventado ou utilizado, hoje sou eu, e hoje sou tudo o que me rodeia,apaixonado, um simples e apaixonado ser pela vida, apaixonado pelos versos de Alberto Caeiro, apaixonado pela minha estante que me responde, apaixonado pelo silencio que me acompanha nesta hora antes de adormecer.
domingo, fevereiro 12, 2012
quarta-feira, fevereiro 08, 2012
sábado, fevereiro 04, 2012
quinta-feira, fevereiro 02, 2012
na vida que aqui escrevi.
Vivia, sendo todo eu.
Hoje sou outro, perdido, observando os relógios chegarem a mais um dia.
Sou e sorrio, pleno num mundo de outros.
Sinto-me outro estrangeiro, carregando a náusea, pintando telas que não são reais para o mundo a que pertencem.
Sou vivo e adormecido.
Sorrindo para uma realidade distante.
Mas feliz, pleno, sem algo que me atinja.
Sem que a realidade me toque.
24/1/2012 Espinho grande
segunda-feira, janeiro 09, 2012
Sem pastores nos condominios
sexta-feira, janeiro 06, 2012
Não tem que fazer sentido
terça-feira, janeiro 03, 2012
Coisas sem importancia
Um poeta não vive dos seus versos, os poetas alimentam-se da vida e de tudo o que ela nos tem a oferecer, mas não vivem dos versos, eles vivem para eles.
Há os que os escrevem muito de nada e por fora escrevem uns versos, há os que são médicos, pastores, polícias, lixeiros, professores mendigos, mas nenhum deles vive dos versos.
Um poeta é condenado a deixar sentimento no papel impresso para que outros o entendam e não vivam a vida tão complexa quanto a deles, mas é um grito de socorro, para tentar encontrar no mundo a imagem de outro alguém que seja tão complexo quanto os versos o denunciam.
Quando eu ia um dia para a escola, despreocupado com a vida, acendendo o meu cigarro de adolescencia por maturar, um homem velho, de roupas rasgadas do trabalho do campo, botas gastas e rugas na cara, as suas mãos secas e incrustradas de cravos e marcas que a vida lhe deixou, meio sem vida, e amarelas.
Amarelas páginas o homem me esticou, eram da lista telefónica e páginas amarelas, mas não era papel escrito de coisas futeis como dados sem importancia, ele tinha algo escrito á mão que me declamava, vendia-me o que escrevia, 20 centimos o poema, insistia e prometia, são bons poemas feitos por mim hoje e ontem.
O senhor deixou-me ir, não me convenceu, e eu não fiz por mais.
Fui pensando o dia todo que no dia a seguir iria comprar-lhe uma refeição e querer saber a história de vida dele, dar-lhe ia bastante dinheiro do dia e ele ensinaria-me coisas interessantes.
Mas nunca junto ao parque de estacionamento dos autocarros o velho me apareceu com poemas amarelos em páginas tantas, faleceu, era tão antigo, digo que faleceu porque é o mais provavel, não lhe daria mais um inverno ou dois e eram suas ideias de vida.
Sempre procurei um poema à venda, mas não.
Poetas que vivem dos poemas já não existem,
eu sei, eu vim um dos poucos.
Mas não compreendi nada, tal como a vida me mostra hoje enquanto escrevo estes versos que um dia tudo isto é burrice enquanto eu podia dizer algo mais bonito