Um poeta não vive dos seus versos, os poetas alimentam-se da vida e de tudo o que ela nos tem a oferecer, mas não vivem dos versos, eles vivem para eles.
Há os que os escrevem muito de nada e por fora escrevem uns versos, há os que são médicos, pastores, polícias, lixeiros, professores mendigos, mas nenhum deles vive dos versos.
Um poeta é condenado a deixar sentimento no papel impresso para que outros o entendam e não vivam a vida tão complexa quanto a deles, mas é um grito de socorro, para tentar encontrar no mundo a imagem de outro alguém que seja tão complexo quanto os versos o denunciam.
Quando eu ia um dia para a escola, despreocupado com a vida, acendendo o meu cigarro de adolescencia por maturar, um homem velho, de roupas rasgadas do trabalho do campo, botas gastas e rugas na cara, as suas mãos secas e incrustradas de cravos e marcas que a vida lhe deixou, meio sem vida, e amarelas.
Amarelas páginas o homem me esticou, eram da lista telefónica e páginas amarelas, mas não era papel escrito de coisas futeis como dados sem importancia, ele tinha algo escrito á mão que me declamava, vendia-me o que escrevia, 20 centimos o poema, insistia e prometia, são bons poemas feitos por mim hoje e ontem.
Jovem burro e dono do mundo, disse, não senhor obrigado tenho de ir a minha vida.
O senhor deixou-me ir, não me convenceu, e eu não fiz por mais.
Fui pensando o dia todo que no dia a seguir iria comprar-lhe uma refeição e querer saber a história de vida dele, dar-lhe ia bastante dinheiro do dia e ele ensinaria-me coisas interessantes.
Mas nunca junto ao parque de estacionamento dos autocarros o velho me apareceu com poemas amarelos em páginas tantas, faleceu, era tão antigo, digo que faleceu porque é o mais provavel, não lhe daria mais um inverno ou dois e eram suas ideias de vida.
Sempre procurei um poema à venda, mas não.
Poetas que vivem dos poemas já não existem,
eu sei, eu vim um dos poucos.
Mas não compreendi nada, tal como a vida me mostra hoje enquanto escrevo estes versos que um dia tudo isto é burrice enquanto eu podia dizer algo mais bonito
O senhor deixou-me ir, não me convenceu, e eu não fiz por mais.
Fui pensando o dia todo que no dia a seguir iria comprar-lhe uma refeição e querer saber a história de vida dele, dar-lhe ia bastante dinheiro do dia e ele ensinaria-me coisas interessantes.
Mas nunca junto ao parque de estacionamento dos autocarros o velho me apareceu com poemas amarelos em páginas tantas, faleceu, era tão antigo, digo que faleceu porque é o mais provavel, não lhe daria mais um inverno ou dois e eram suas ideias de vida.
Sempre procurei um poema à venda, mas não.
Poetas que vivem dos poemas já não existem,
eu sei, eu vim um dos poucos.
Mas não compreendi nada, tal como a vida me mostra hoje enquanto escrevo estes versos que um dia tudo isto é burrice enquanto eu podia dizer algo mais bonito
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