Por momentos submergi à realidade
O homem corrompe-se a si mesmo, dentro de si, usando-se a si mesmo em busca do que não pode e deseja.
A vida, existe por si mesma, sem qualquer desejo vive-se, mas o homem como é na realidade quer algo, quer sempre o que não tem, como é óbvio.
A busca pelo querer, a vontade máxima de agir sobre um objectivo é o que faz as pessoas viver, mas ninguém existe só, a realidade é que as pessoas vivem juntas, os objectivos numa generalidade exacta são sempre os mesmos a todos porque num mundo finito o valor de algo comporta benefício de um e prejudicar o valor de outro.
Todos querem ser felizes, mas para o serem, alguém de alguma forma tem de ser infeliz, e isto cria um confronto entre todos.
Sendo pessoas que querem ser felizes existe no conflito o acontecimento da infelicidade, a corrupção do sentimento imaculado da felicidade deriva nas nossas próprias acções ao querermos ser felizes.
O que nos move é ser felizes, mas nunca o somos com o que temos, temos sempre a vontade do que não temos, o objectivo a alcançar todos os dias, o desejo de ser feliz, ser pessoa fora de tudo e ser feliz sem se incomodar com o mundo e todas as infelicidades que que a realidade da vida trás é o sonho de todos.
O sonho desta forma implica a infelicidade, não são possíveis as utopias, devido á corrupção da mente humana sobre a felicidade, esta que trás infelicidade sempre a alguém.
O ciclo vicioso onde a felicidade existe por momentos, deixando espaço ao sonho para chegar e livrar a vida da infelicidade é o quotidiano do homem, a causa é o sonho.
O que nos move e faz sentir é o sonho, os poemas são sonhos dos poetas, tudo o que trouxe a humanidade ao seu resplendor e avanço foi o sonho, eu escrevo estas linhas porque sonho com o paradoxo de uma utopia feliz, o sonho é algo hipócrita e irreal.
Só é possível existir felicidade sem sonhos, mas os homens sonham, esta nos genes das espécies, as gazelas não são felizes, nem os leões nem nós, tudo é infeliz, mas o sonho é o que palpita a existência do ser.
A humanidade que busca a felicidade, o pico e a utopia da sociedade perfeita é um infinito sonho irreal.
Mas como vivemos nós dentro de toda a corrupção do mundo sabendo estas verdades?
Fazemos o que sabemos fazer, sonhamos, só podemos não sonhar sendo felizes, ou mortos cerebralmente, drogados, distantes do mundo, estúpidos, seremos felizes.
Só são felizes os estúpidos que não sonham.
Os que existem, fora de tudo não querendo nada, os assistentes que deambulam e não notamos a sua presença.
Mas viver sem sonhar não existe, é inimaginável uma realidade onde não existam sonhos, será vácuo sem gente.
Os sonhos são hipócritas.
A realidade da vida é que o mundo só será o que queremos quando lá não existirmos.
Sem comentários:
Enviar um comentário