segunda-feira, março 12, 2012

Sou c'mós outros

As tardes do Alentejo, ainda que de inverno, são quentes, são aborrecidas, têm sombras para os trausentes, mas não há muitos por aqui, são ovelhas que passam, e um cão que ladra, mas o homem não anda por aqui, entre todas as sombras só resta a ausencia de todos os que ficaram em casa, nenhum veio neste domingo sentar-se debaixo da azinheira respirar a calma que desejam nos centros comerciais, ninguém escreve poemas sobre o que sente, todos olham a televisão, partilham coisas no facebook e falam mal de quem são, e ninguem fica aqui junto ao poente, para variar ficou eu, porque é minha obrigação, meu trabalho, e cá a internet não existe.

Que seria de todos os poetas e escritores, que se em vez de sentirem fossem mais um na multidão a partilhar o mesmo de todos, o nada que aborrece, ficariam na distancia do individual que os fez ser unicos, mas eu sou só assistente, hipocrita e contente, vejo as coisas passar e falo mal delas, como todos os outros são, e não partilho isto no meu perfil porque o turno acaba às vinte e três, agora só as ovelhas pastam, eu vejo e fumo cigarros, entretenho o tempo, á espera de chegar a casa para abrir o navegador e mostrar que sou como todos os outros.

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