As tardes do Alentejo, ainda que de inverno, são quentes, são aborrecidas, têm sombras para os trausentes, mas não há muitos por aqui, são ovelhas que passam, e um cão que ladra, mas o homem não anda por aqui, entre todas as sombras só resta a ausencia de todos os que ficaram em casa, nenhum veio neste domingo sentar-se debaixo da azinheira respirar a calma que desejam nos centros comerciais, ninguém escreve poemas sobre o que sente, todos olham a televisão, partilham coisas no facebook e falam mal de quem são, e ninguem fica aqui junto ao poente, para variar ficou eu, porque é minha obrigação, meu trabalho, e cá a internet não existe.
Que seria de todos os poetas e escritores, que se em vez de sentirem fossem mais um na multidão a partilhar o mesmo de todos, o nada que aborrece, ficariam na distancia do individual que os fez ser unicos, mas eu sou só assistente, hipocrita e contente, vejo as coisas passar e falo mal delas, como todos os outros são, e não partilho isto no meu perfil porque o turno acaba às vinte e três, agora só as ovelhas pastam, eu vejo e fumo cigarros, entretenho o tempo, á espera de chegar a casa para abrir o navegador e mostrar que sou como todos os outros.
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