quarta-feira, março 28, 2012

Que dirias se falasses com deus?
Não um deus qualquer, mas um Deus, daqueles que criaram tudo o que é visivel e invisivel, dos que criaram tudo o que não sabemos.
Ele não respondia a perguntas, por isso ele não se mostra tanto, são demasiadas perguntas, ele é timido e não há tempo para explicar a quem não sabe.
Eu diria que gosto do trabalho dele, mas podia fazer melhor para ser só um.

E olha, mete sofás no inferno.

Seu "Palhaço Metafísico".

domingo, março 25, 2012

A Joana Sonha?

O João, enquanto comia pão,
devia adormecer a mana
queria fazer uma história para a Joana.

Mas era muito difícil contar a história inventada
mais difícil ainda era se fosse rimada.

Mas o João não desistiu
e toda coragem admitiu,
a história viria a qualquer hora
devia vir rápido ou a Joana chora.

Mas rimar rimar rimar
coisa difícil e ela pode chorar
nada para a adormecer e eu não sei cantar,
só sei coisas aborrecidas, nada de pasmar

Reparou então o João
já não havia pão
a mana dormia
e a história fugia

O João deu-lhe um beijo na testa
e foi buscar mais pão.
Mas que história foi esta?

A Joana já sonha
e o João enquanto come pão
na folha escrevinha
“de agora em diante toda história será enfadonha”

domingo, março 18, 2012

Concepção independente da realidade às 5 da manhã

Por vezes damos por nós a olhar o mundo à nossa volta e percebemos que devido ao que vimos ao longo do tempo que por cá estivemos, todo o universo deixa de ter importância.
Fazemos escolhas para além das pessoas e dos seus mundinhos que colidem, vivemos de acordo com o que conseguimos atingir em nós próprios, somos um só com o que escolhemos.
E isto não é mau, é simplesmente um filtro que deixamos ou não entrar por escolhas bem feitas, mas se faz mal a realidade ser diferente a quem o demonstramos?
Que interessa isso?
As coisas começam a fazer mais sentido quando atingimos a meta que esse deus nos delineou, quando aceitamos que o sentido é inexistente.
A metaconsciência atinge quem a busca, somente porque a ela mesma lhe pertence.
Devo ter atingido o ponto dos loucos, mas se louco sou? Porque não ei de ser como todos os outros?
E sou, pelo menos penso sê-lo como todos pensamos ser.
Só não tenho que explicar a todos, porque não se explica, é um conjunto de diversos factores que o empirismo nos trás, e nos evidencia a realidade que existe.
Esta metaconsciência plana na ténue linha que separa a realidade da loucura, é frágil, basta um simples vento para desequilibrar a concepção plena da realidade.
Por enquanto ainda não fui expulso da bolha por onde contemplo o mundo.
Felizmente e infelizmente, temos de partilhar o mundo onde vivemos com pessoas que não entendem esta concepção, cada pessoa ainda que fora de nós e dessa bolha, é necessária para podermos desfrutar a inteira realização de ser o que somos, só precisamos de viver com elas, aprender que nós, tal como todos somos animais, constituídos por canalizações e centros nevrálgicos quimicamente modelados tão iguais na sua condição como diferentes na sua modelação ao longo da vida. Somos somente a soma do que vivemos, como todos, mas vivemos aqui, num mundo finito onde todos queremos o mesmo, precisamos então de aguentar a realidade, saber controlar ao máximo aquilo que nos destrói, e desfrutar o que nos constrói.
Mas se fizermos algo de mal, afinal, somos como todos os outros.
E fazemos...sempre algo há-de acontecer porque sim, porque acontece, antes de ser inteligentes somos estúpidos.
A linha da moral, essa é também fina, instável e por vezes ausente, e nós fazemos asneiras.
Como já disse muitas vezes, somos pequenos bichos, livres e presos, e se existisse um deus ele não iria querer estar no nosso lugar, estar aqui é demasiado difícil e complicado tentando equilibrar as coisas, isto para quem pode equilibrar, graças a algo que se pode chamar sociedade média, existem outros que lhe não pertencem, são quem as escolhas de terceiros nos condicionam a ser moral ou implacavelmente destrutivos de forma mútua, criando um ciclo perverso de destruiçã0.

A bolha, a forma de planar, o assistir a vida perante todos e com todos contracenado de forma passiva e neutro, é impossível, mas pode-se tentar.
Assim o quero,
é uma questão de chatices,
e a vida é já demasiado chata para nos chatearmos com ela.

E esse deus que tantos me quiseram fazer acreditar, se existir, terei o maior prazer em lhe demonstrar que estarei errado, porque se existir, tudo tem um principio incorrupto para além da realidade onde morei e todos aqueles para quem existi, caso contrario, a vida será desconsolada, mas ao menos tentei viver num mundo onde não existe um deus em vez de tentar acreditar que existirá um deus quando não vivi.

Quando fechar os olhos,
irei de burro.
de carro.
ou não irei.
talvez fique.
mas se for…
que vá
para o nada
ou para o tudo.
mas vivi, não como os outros.
Fui menos aborrecido, tal como de onde vim.

segunda-feira, março 12, 2012

Sou c'mós outros

As tardes do Alentejo, ainda que de inverno, são quentes, são aborrecidas, têm sombras para os trausentes, mas não há muitos por aqui, são ovelhas que passam, e um cão que ladra, mas o homem não anda por aqui, entre todas as sombras só resta a ausencia de todos os que ficaram em casa, nenhum veio neste domingo sentar-se debaixo da azinheira respirar a calma que desejam nos centros comerciais, ninguém escreve poemas sobre o que sente, todos olham a televisão, partilham coisas no facebook e falam mal de quem são, e ninguem fica aqui junto ao poente, para variar ficou eu, porque é minha obrigação, meu trabalho, e cá a internet não existe.

Que seria de todos os poetas e escritores, que se em vez de sentirem fossem mais um na multidão a partilhar o mesmo de todos, o nada que aborrece, ficariam na distancia do individual que os fez ser unicos, mas eu sou só assistente, hipocrita e contente, vejo as coisas passar e falo mal delas, como todos os outros são, e não partilho isto no meu perfil porque o turno acaba às vinte e três, agora só as ovelhas pastam, eu vejo e fumo cigarros, entretenho o tempo, á espera de chegar a casa para abrir o navegador e mostrar que sou como todos os outros.

domingo, março 04, 2012

Por momentos submergi à realidade

Por momentos submergi à realidade

O homem corrompe-se a si mesmo, dentro de si, usando-se a si mesmo em busca do que não pode e deseja.
A vida, existe por si mesma, sem qualquer desejo vive-se, mas o homem como é na realidade quer algo, quer sempre o que não tem, como é óbvio.
A busca pelo querer, a vontade máxima de agir sobre um objectivo é o que faz as pessoas viver, mas ninguém existe só, a realidade é que as pessoas vivem juntas, os objectivos numa generalidade exacta são sempre os mesmos a todos porque num mundo finito o valor de algo comporta benefício de um e prejudicar o valor de outro.
Todos querem ser felizes, mas para o serem, alguém de alguma forma tem de ser infeliz, e isto cria um confronto entre todos.
Sendo pessoas que querem ser felizes existe no conflito o acontecimento da infelicidade, a corrupção do sentimento imaculado da felicidade deriva nas nossas próprias acções ao querermos ser felizes.
O que nos move é ser felizes, mas nunca o somos com o que temos, temos sempre a vontade do que não temos, o objectivo a alcançar todos os dias, o desejo de ser feliz, ser pessoa fora de tudo e ser feliz sem se incomodar com o mundo e todas as infelicidades que que a realidade da vida trás é o sonho de todos.
O sonho desta forma implica a infelicidade, não são possíveis as utopias, devido á corrupção da mente humana sobre a felicidade, esta que trás infelicidade sempre a alguém.
O ciclo vicioso onde a felicidade existe por momentos, deixando espaço ao sonho para chegar e livrar a vida da infelicidade é o quotidiano do homem, a causa é o sonho.
O que nos move e faz sentir é o sonho, os poemas são sonhos dos poetas, tudo o que trouxe a humanidade ao seu resplendor e avanço foi o sonho, eu escrevo estas linhas porque sonho com o paradoxo de uma utopia feliz, o sonho é algo hipócrita e irreal.
Só é possível existir felicidade sem sonhos, mas os homens sonham, esta nos genes das espécies, as gazelas não são felizes, nem os leões nem nós, tudo é infeliz, mas o sonho é o que palpita a existência do ser.
A humanidade que busca a felicidade, o pico e a utopia da sociedade perfeita é um infinito sonho irreal.
Mas como vivemos nós dentro de toda a corrupção do mundo sabendo estas verdades?
Fazemos o que sabemos fazer, sonhamos, só podemos não sonhar sendo felizes, ou mortos cerebralmente, drogados, distantes do mundo, estúpidos, seremos felizes.
Só são felizes os estúpidos que não sonham.
Os que existem, fora de tudo não querendo nada, os assistentes que deambulam e não notamos a sua presença.
Mas viver sem sonhar não existe, é inimaginável uma realidade onde não existam sonhos, será vácuo sem gente.
Os sonhos são hipócritas.
A realidade da vida é que o mundo só será o que queremos quando lá não existirmos.