terça-feira, dezembro 27, 2011

Primeiro era o café mas era de tarde e apeteceu-me uma cerveja

Eram só cervejas e um jogo de snooker, era o cinema, mas foi cancelado por um jantar e algumas garrafas de vinho, o tinto era muito suave, a carne era muito saborosa, as bebidas foram todas pagas, o jantar foi grátis, a companhia mudou de sitio, eu mudei de companhia e sitio, eu voltei a onde estava, salas cheias de fumo, e decidi, vou para casa porque aqui o mundo foge, passei torto junto a pessoas conhecidas, o mundo não era plano, o cigarro enrolado caiu junto com o vómito, ouvi musica no carro esperando tudo passar, enrolei outro cigarro na esperança de o fumar, deitei fora a deliciosa carne que embirrava em ficar na garganta, tentei limpar o nariz da carne, sentei-me no carro, vim para casa muito cuidadoso conduzindo por um rio, vi a minha mãe que falava comigo e eu não lhe respondia, apercebi-me que ainda nem era meia noite, tentei sentar-me e adormecer a ver o canal história mas ele fazia por me fugir, o universo fugia e o mundo abanava, e a única coisa que eu conseguia fazer era deitar tudo fora para o sifão, fui para a cama de pijama já vestido, à medida que o mundo me abanava eu era embalado por canções desgraçadas, meti o telemóvel desligado a carregar, fiquei contente por não enviar mensagens para ninguém neste estado, adormeci enquanto tentava segurar-me na cama e sonhei com a sede.
Acordei de noite.
Mijei fora do penico.
Mas está tudo limpo e o carro no sitio.
Preciso de uma açorda.

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Que gostarias de fazer na vida?

Se me perguntassem o que eu gostaria de fazer da vida eu respondia algo já sonhado, já respondido de mim mesmo, simples e explicado, bem delineado. Sei o que gostaria de fazer na vida mais do que aquilo que alguma vez irei fazer quando for o que estou a preparar-me para ser.
Sei que um dia queria não escrever, queria cantar e dizer poemas, ditos do coração ou de livros geniais, cantar dias inteiros enquanto cozinho a quem entra pela minha casa adentro, oferecer comida a uma bagatela, lavar as mãos e ficar com o cheiro do vinagre e do alho, da cebola e do vinho, tirar o casaco e cheirar os fritos, tirar o avental e sentir que o dia foi sublime, que não fiz mais que coisas bonitas ou pelo menos tentei faze-las.
Adormecer embalado nos doces por mim criados, oferecer salgados e pratos inventados.
Se me perguntassem o que eu gostaria de fazer na vida....
Eu respondia, mas ninguém hoje quer saber o que gostam os outros, todos nós somos o que não sabemos ser.
Todos sabemos que ouvir de alguém os seus sonhos vai dar asas aos nossos, e ninguém quer sonhar quando o mundo é tão infeliz.
Sonhar tanto quando não se pode lembra-nos que a vida é mais triste do que pode ser feliz.
Entretanto, vou cozinhando e cantando, para mim claro, loucuras a mais já são os meus cozinhados.

sábado, outubro 29, 2011

nada fui

Ontem, enquanto dormia de tarde, sonhei que não me lembrava de mim, alguém para quem eu era importante, veio ter comigo e fez-me ver que eu estive frente a frente com o passado e não o lembrei, esqueci-me de coisas boas da vida, perdi pessoas, momentos que vivi.
No sonho chorei por ter esquecido algo belo, enquanto o presente me rodeava, acordei sem me lembrar quem era a pessoa, do sonho só me lembro que me esqueci.
Assombra-me viver para me não lembrar,
isso diz-me que vivo morto para o meu futuro.
Um ser nulo.

quinta-feira, outubro 27, 2011

Coisas bonitas

Queria escrever coisas bonitas, coisas feias,
coisas sentidas.
Hoje já não sei se me sinto, se sou fruto de uma rotina,
se me alimento e durmo para mim ou para o caminho a seguir.
O caminho segue-se todos os dias, mas...
de onde partimos, de onde veio tudo o que me faz acordar e deitar todos os dias na mesma cama.

Sei que num antigamente eu acordava para viver,
hoje acordo-me para ser um estar na vida.
E passa a rotina, as vontades, o mundo e as tristezas,
faz-se história, nós vamos rindo e falando,
aqui na paisagem do caminho assiste-se a uma história sem dela fazer parte.

Queria fazer e escrever coisas bonitas, mas o mundo de tão feio que é,
encarregou-se de me engolir, hoje devo ser mais um igual a tantos outros.
Pago impostos.
Pouco penso...Logo não terei muito mais a dizer..
Só queria escrever coisas bonitas...novas e bonitas...
Mas o mundo é tão antigo e cinzento...
O sentir e exprimir, é tabu, aborrecido no preto e branco da vida hoje taxada.
Ficam coisas bonitas por dizer,
um dia quando se puder viver.
Tão seguros que somos de nós mesmos, tão capazes de guardar e afirmar ao mundo que temos a verdade na palma da mão, na ponta dos dedos todo o conhecimento necessário para o que queremos.
Na verdade somos muco viscoso consciente que reflecte sobre si e se acha inteligente.
Pequena e simples química combinada cria a beleza do mundo no pensamento.
Talvez se nos tivermos em compaixão para com outras espécies por lá fiquemos.
Eu queria não ter a verdade na palma da mão, ser inconsciente, ser muco ou outra coisa qualquer que não me obrigasse a pagar impostos e seguir leis de quem não sabe ser de si ciente.
O mundo é feio, e nós pensamos ser donos dele, mas a verdade é que nem de nós próprios somos donos.

quinta-feira, outubro 20, 2011

Algo que tenho a dizer a todas as pessoas

Isto que nós estamos a viver, não é algo novo no mundo, desde os tempos aureos da civilização, que o homem oprimido tenta libertar-se do opressor e contra ataca unindo o povo e libertando-se do tirano.
Os muitos pobres facilmente destronam os poucos ricos, só uma coisa basta, união.
Mas nos dias de hoje existe algo novo, hoje em dia o mundo é uma aldeia, quando alguem se manifesta numa ponta do mundo na outra smultaneamente todos o fazem, porque o problema é global, as minorias politicas, as familias politicas, de cor e tradição estão desactualizadas para o mundo actual, o problema em questão é fazer com que as pessoas se consciencializem de que conseguem de facto mudar as coisas, todos fomos habituados a ser geridos, mas na verdade os pequenos conseguem atacar os grandes quando unidos, mas para o fazer é preciso usar o cérebro, usando o cérebro consegue-se pensar e usar o movimento do povo de forma racional e mediatico atingindo todos, desde os avós aos netos, pais e mães nas ruas em frente às sedes partidárias, todo o povo descontente sem cor partidária, todo o povo envolvido na mudança todos juntos conseguem fazer ver os grandes que há muito vivem na corte, a mudança exige na mente das pessoas, todos temos o dever de dizer que estamos acordados, lembrar o "REI"que quem é o país é quem nele vive a massa humana que o faz respirar, não a minoria que a controla com interesses monetários...
O povo tem que se unir, o povo tem de pensar, o povo tem de saber que atirar pedras é dar uma razão para nos atacarem, o povo tem de saber que somos inteligentes e nunca lhes daremos razão para usarem o medo das pessoas contra quem se manifesta, o povo tem de ser o Avô, a avó, o pai, a mãe, os filhos, a familia, os bairros as cidades, o país todos juntos têm que se unir de forma consciente na rua, e mostrar lá para fora a quem vive no seu palácio, que isto já não funciona assim.
O povo tem de acordar, abrir os olhos, as pessoas têm de pensar.
Depois vamos mostrar que conseguimos melhor!

Preocupa-me ver cada vez mais ver jovens e pessoas mais velhas cansadas de lutar de forma pacifica sem ninguem lhes dar atençao optarem pelo vandalismo, pela violencia para chamar a atenção.
Toda e qualquer tipo de violencia, extremismo é repudiavel, é uma diminuição dos direitos aos restantes e uma perca de razão e forma de protesto, todos devem ter isso em conta, acordar é pensar, ser racional, queremos libertarmo-nos das amarras que nos catalogam como irracionais e ovelhas, não vamos continuar a ser ovelhas, não vamos ser animais, vamos nos unir de forma organizada e libertar nos numa nova revolução global, inteligente e que funcione por muito muito mais tempo que qualquer sistema social até hoje implantado.

Acordem pessoas, acordem todos os que os rodeiam, façam as pessoas pensar para lá da televisão, dos média, das contas, dos bancos do sistema...
O mundo está a mudar perante os nossos olhos, cabe nos a nós saber o que fazer agora que os tempos mudam, vamos fazer algo novo, ou vai ser só mais uma revolução?

segunda-feira, junho 27, 2011

Numeros

Sete algarismos, começa pelo 1 e acaba no 4, de seu nome João Francisco Marques, um de entre tantos outros, tem um numero que o classifica, não de forma crescente ou decrescente, simplesmente numerado, tal qual vaca de matadouro, ovelha de brinco laranja ou pombo anilhado, identificação numerada, há tantos joões por ai, gordos, magros feios e lindos mas todos numerados, sempre confundidos no guichet da consulta ou na hora do prémio que a ninguém calha. Estariam suas mães assistindo e ficariam de pranto, filho meu, de seu pai baptizado do avô nomeado vem agora por numero ser identificado, nunca mais serão filhos dos pais, netos dos avós, são calculados pela calculadora, acrescentar ao contador +1 dando seguimento ao guichet, pague os impostos, não peça subsídios, não queremos cá peditórios de números desconhecidos.
Tristeza de nomes que de apêndices não passam, numeros vários para tudo nos arrastam.
Era o pé descalço, a sombra no meio do calor, o filho do Francisco e o neto do João, aquele da fazenda logo por trás de São bento.
É sabido que toda gente sabe quem são, qual números qualquê.

sexta-feira, abril 29, 2011

Carta aberta a saramago

De Saramago pesa-me na consciência não ter aproveitado a sua vida. De um escritor morto racionamos cada obra de arte para prolongar ao máximo suas surpresas e obras a apresentar.
E eu sofro a cada página que devoro com a consciência de que de José não há mais surpresas, não há mais a perfeição em histórias narradas tão únicas, singulares e tão comuns, porque a vida não pode ser melhor representada sem sua Pena.
Minha ignorância por sua extensa obra ainda o transporta em mim vivo, minha ignorância, diga-se ter nascido tarde e não o encontrar cedo, mas suspeito de guardar algo para o meu fim, algo, para de alguma forma o manter vivo e vê-lo lançar à minha frente um novo best-seller, um desses que nunca li.
E depois, quando for velhinho, algo que ele nunca foi, vou-me esquecer do eu que o leu e nessa altura, vou-me reencontrar nele e ele vai ser novamente presença na livraria que se fareja e quase-se pergunta à indiferente vendedora:
Desculpe saiu um novo do Saramago?
A confusa profissional aponta a um canto julgando ser a resposta mais acertada.
O velho esquecido que serei, esse poderá rejubilar por se encontrar nas mesmas palavras que um dia fui,
no novo,
e mesmo best-seller.

Vitor Marques - 29/04/2011
info@josesaramago.org

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

É quando fumo um cigarro à janela que me apercebo do desenrolar desautorizado da minha mente, a perder-se na fantasia criada para lá da minha imaginação, à medida que o fumo se prolonga também a história se torna independente na minha memória.
Quando vejo um concerto sorrio pela explosão total de sons, cores, odores e o calor de outras pessoas que conjugados a mim e todo o acontecimento faz brotar dos meus sonhos uma alegoria ou nova filosofia, tão bem lida de mim para mim que cria um poema sobre tudo o que se pinta à minha frente.
Quando me sento na relva debaixo de uma árvore, e quase adormeço, sou eu que crio os meus sonhos, sou eu que faço palpitar ao meu coração novas histórias de embalar, novos sonhos para outros sonharem de sorriso à janela.
Eu sonho, eu penso, centenas de vezes por minuto, a cada segundo, às vezes as ideias saem á velocidade da luz expirando por cada póro as mais belas canções capazes de embalar as ninfas da insónia.
Mas hoje é, tal como todas as vezes, a altura em que desejo escrever tudo o que quero, tudo o que existiu, e reparo que o que foi não passou mais de um nada, um ensaio mental inexistente.
Agora o cursor está imóvel, e a vontade é extrema mas a tentação dos dedos é demasiado fraca, tão fraca que o cursor permanece no mesmo sítio, a página mantém-se branca, os sonhos desapareceram.
A conclusão a que se chega perante a folha em branco é a certeza de o nada que somos, o nada que pensamos, a forma que vivemos tem uma presença tão forte na nossa vida como o valor que lhe damos, e visto que na maioria das vezes não nos lembramos de o quer que seja sobre a nossa vida, então estamos condenados a nos esquecermos de nós mesmos.
Um loop mental que não apazigua o descortinar da vida.
Somos isso, um esquecimento que surge quando nos lembramos do que somos.
Um aprender, um querer aprender constante sem aparente solução.
Resta saber se estamos conscientes da valente estupidez que representamos.
Eu estou,
não me lembro de como começou o texto.

sábado, janeiro 15, 2011

HUM?

Espelho meu,
espelho meu,
há alguém mais
INTERROGADO do que eu?

Tivesse eu um espelho,
desses que se perguntam,
a minha pergunta seria:
Para que serve uma bacia?

Espelho meu,
espelho meu,
Este que te pergunta,
se na casa manda ela,
mas nela mando eu,
quem foi que me bateu?

Espelho meu,
espelho meu,
Gostava que respondesses,
vou dormir ou durmo acordado
arrasta-se o acordar,
é um sono do diabo,
não durmo,
ando aqui arrastado.

Espelho meu,
espelho meu,
quem sou eu?

É prudente desconfiar de quem é desconfiado.

Espelho meu,
espelho meu,
A conversa já vai de serão,
e se tu soubesses eu te perguntava,
mas aqui me fico nos provérbios,
e aos meus filhos digo:

Filhos de minha filha, meus netos são;
Filhos do meu filho, meus netos serão
ou não.

Espelho meu,
espelho meu,
mas para que lado
isto hoje me deu?