O meu eu que ontem cantava os versos do Manel, é aquele que mal se lembra das razões porque começou a cantar à muitos anos atrás.
De águas e pontes muita chuva fez correr a vida, tanto, que só desta forma percebemos quão pequenos e tão grandes somos no decorrer da nossa vida, em toda a sua totalidade, seja no passado, ou futuro, nunca realizando que para o presente mal olhamos.
Definição de Boogie:
"Uma dança embaraçosa que os seus pais fazem quando estão bêbados"
Definição de Fado:
"Em Trás-os-M. Pândega, pouca-vergonha."
sexta-feira, outubro 26, 2012
sábado, outubro 20, 2012
Fátima 20-10-2012
Em Fátima não rezei
moribundo observei.
Inundado pelas gentes,
pombos rezas e crentes.
moribundo observei.
Inundado pelas gentes,
pombos rezas e crentes.
A paz me contagia,
vinda de um deus que não é o meu,
e que a tantos leva o breu.
vinda de um deus que não é o meu,
e que a tantos leva o breu.
Só, na multidão de fiéis eu vivo,
triste e enraivecido,
por não ter fé no meu espírito.
triste e enraivecido,
por não ter fé no meu espírito.
Em paz fico, por um deus que não é meu…
bastava esta paz,
vinda de todos, tão iguais a mim e a tudo o que é ser.
quinta-feira, outubro 18, 2012
Um dia eu vi
Um dia, não sei quando, há muito tempo atrás, eu deixei de
acreditar que a felicidade existe por todo o mundo. Deixei de crer que os
contos de fadas são reais, que o homem não magoa o outro, que o dinheiro
funciona, que meu voto tem um significado, que as contas que pago são minhas,
que vivo nos tempos privilegiados da humanidade, onde não se passa fome, que a
vida é justa, que fazendo o bem o bem voltará, que sendo amigo não criaremos
inimigos, que emprestando dinheiro nos irão pagar, que se gritarmos nos vão
ouvir, que manifestando-nos vamos mudar algo. Que trabalhando vou construir a
minha vida, sendo recompensado pelo que me esforcei.
Um dia, não sei quando, abri os olhos e vi maldade no ser, que
a minha fome é tanta como a do próximo, que posso ser tão mau como todos. Que
não nos vemos como irmãos, mas como um peão dispensável uns aos outros. Que a
alegria e paz das religiões não funciona, porque quem vive na religião é o Homem,
quem a faz e pratica é o Homem, e como é óbvio, e pelo Homem ela não funciona.
Mas quem diz religiões, diz mais outras ‘cias, ciências , democracias, e
filosofias, tudo ideias de boas vontades, corrompidas pela natureza do ser .Que
o comum para todos é lindo, é! Mas o Homem não quer ser comum, todo o Homem
quer ser ditador, rei e rainha, dono do mundo, ser feliz sem esforço e
dificuldades . Mesmo que isso destrua outro ser como nós numa qualquer parte do
mundo, fechamos os olhos e continuamos, acreditando e enganando-nos a nós
mesmos e aos outros, que o mundo é difícil, mas podia ser pior.
Mas podia ser melhor?
Um dia não sei quando, vi que o mundo era feio, e vi também que
eu não era o único que o via, vi que muitos o viam, e por ele nauseados
continuavam, existindo, inertes e estáticos, no emaranhado da burocracia que o
sistema da vida comporta, passageiros.
Não sou passageiro?
Sou ser, homem e bicho, entre todos, gorado do sonho que
existirá um dia a felicidade comum, tantos Homens mais do que eu o escreveram,
mais perguntas deixaram que respostas deram, de sábios a vadios, foi sempre o
nada como conclusão.
Um dia eu vi,
que não quero mais perguntas, querer saber o que nunca
serei,
frustrado nestas linhas fico, querendo uma moral certa onde
o certo não existe, que certo nunca serei, mas errado é o mais certo, frustrado
mais um, ri-se a vida outra vez, com a morte à espreita, observando e
cochichando, fazendo troça de outro mortal, que quis fazer perguntas e não as
achou.
Tal como elas,
que deixaram de perguntar.
sábado, outubro 13, 2012
Até já
Levanto-me de manhã na alvorada fria, o desconforto do despertar invade-me.
Visto a roupa para o dia, pego na alça da mochila, carrego a de um só movimento para as costas.
Num relance abro a janela como quem vê a luz do que vai ser , botas apertadas, abre-se a porta e deixa-se para trás o mundo que não carregamos, entra-se no inevitável e estranho, no real e pormenorizado mundo, na imensidão da paisagem carregada de imprevisibilidade.
Pé ante pé, em direcção ao infinito,
ansioso pelo que a vida pode ensinar
nas montanhas novas que há por escalar.
Subscrever:
Comentários (Atom)