Um homem tem tendência a repudiar mais a vida quando não
sabe o que fazer com ela. Seja andar, deambular ou ficar sentando olhando em
volta, esperando pacientemente o dia decorrer através do alongamento das
sombras, o tic tac dos objectos, o coração a bater, sempre pacientemente,
olhando tudo em roda, esperando o fim da vida, o fim do dia cada vez mais
próximo que o anterior, pacientemente, menos um batimento cardíaco com que
contar. Não mudar de banco no jardim para a sombra mais próxima para evitar o
sol, aguardar que venha até mim, esperar o nada. Aguardar o nada.
Repudiar a acção nula que é viver, sem agir, através do
nada, não alterando o curso das razões. E porquê?
Repudiar a vida, não é isto uma acção suficiente para quem o pretende fazer?
Aguardar a morte, não a aguardamos todos? Cada um à sua maneira?
A vegetação serpenteia escurecendo calmamente o relvado defronte de mim, as ervas daninhas abanam-se com a brisa impondo o triunfo sobre a mansa relva, o plátano distante, acompanha comigo esta morte paciente que é viver, ele na sua forma relativa de sombrear o quer que seja, o plátano, a mim ou eu a ele, tão ridiculamente inanimados parecemos, mas ele move-se, existe, não aguardando a morte?
O que nos distancia, além da sombra por me alcançar, é a sua vontade de não morrer, seja para me abrigar (que tolo egocentrismo humano), ou mais especificamente, engrossar as suas raízes e lutar pelo céu, fundindo os seus alicerces com o interior do mundo e alcançar a sua etérea presença altiva na mais pura das nuvens.
À minha volta nada repudia a vida, tudo a abraça, e com tudo o que a rodeia luta contra a paciência e retarda pacientemente, a morte que a alcança sempre. Mas sem esta luta, haveria plátano?
Fico surdo com o ensurdecedor barulho industrial e maquinal que toda a vida à minha volta faz, rasgando, esticando, partido, sorvendo, comendo e respirando através da terra e do ar e das pedras e do céu, inundando a vida com seiva e mais seiva para crescer mais que todo o mundo para SOBREVIVER.
Repudiar a vida, não é isto uma acção suficiente para quem o pretende fazer?
Aguardar a morte, não a aguardamos todos? Cada um à sua maneira?
A vegetação serpenteia escurecendo calmamente o relvado defronte de mim, as ervas daninhas abanam-se com a brisa impondo o triunfo sobre a mansa relva, o plátano distante, acompanha comigo esta morte paciente que é viver, ele na sua forma relativa de sombrear o quer que seja, o plátano, a mim ou eu a ele, tão ridiculamente inanimados parecemos, mas ele move-se, existe, não aguardando a morte?
O que nos distancia, além da sombra por me alcançar, é a sua vontade de não morrer, seja para me abrigar (que tolo egocentrismo humano), ou mais especificamente, engrossar as suas raízes e lutar pelo céu, fundindo os seus alicerces com o interior do mundo e alcançar a sua etérea presença altiva na mais pura das nuvens.
À minha volta nada repudia a vida, tudo a abraça, e com tudo o que a rodeia luta contra a paciência e retarda pacientemente, a morte que a alcança sempre. Mas sem esta luta, haveria plátano?
Fico surdo com o ensurdecedor barulho industrial e maquinal que toda a vida à minha volta faz, rasgando, esticando, partido, sorvendo, comendo e respirando através da terra e do ar e das pedras e do céu, inundando a vida com seiva e mais seiva para crescer mais que todo o mundo para SOBREVIVER.
Fujo do jardim,
deixo de aguardar a sombra que me irá cobrir.
O coração bate agora menos,
O coração bate agora menos,
a seiva paciente cresce.