quinta-feira, fevereiro 17, 2011

É quando fumo um cigarro à janela que me apercebo do desenrolar desautorizado da minha mente, a perder-se na fantasia criada para lá da minha imaginação, à medida que o fumo se prolonga também a história se torna independente na minha memória.
Quando vejo um concerto sorrio pela explosão total de sons, cores, odores e o calor de outras pessoas que conjugados a mim e todo o acontecimento faz brotar dos meus sonhos uma alegoria ou nova filosofia, tão bem lida de mim para mim que cria um poema sobre tudo o que se pinta à minha frente.
Quando me sento na relva debaixo de uma árvore, e quase adormeço, sou eu que crio os meus sonhos, sou eu que faço palpitar ao meu coração novas histórias de embalar, novos sonhos para outros sonharem de sorriso à janela.
Eu sonho, eu penso, centenas de vezes por minuto, a cada segundo, às vezes as ideias saem á velocidade da luz expirando por cada póro as mais belas canções capazes de embalar as ninfas da insónia.
Mas hoje é, tal como todas as vezes, a altura em que desejo escrever tudo o que quero, tudo o que existiu, e reparo que o que foi não passou mais de um nada, um ensaio mental inexistente.
Agora o cursor está imóvel, e a vontade é extrema mas a tentação dos dedos é demasiado fraca, tão fraca que o cursor permanece no mesmo sítio, a página mantém-se branca, os sonhos desapareceram.
A conclusão a que se chega perante a folha em branco é a certeza de o nada que somos, o nada que pensamos, a forma que vivemos tem uma presença tão forte na nossa vida como o valor que lhe damos, e visto que na maioria das vezes não nos lembramos de o quer que seja sobre a nossa vida, então estamos condenados a nos esquecermos de nós mesmos.
Um loop mental que não apazigua o descortinar da vida.
Somos isso, um esquecimento que surge quando nos lembramos do que somos.
Um aprender, um querer aprender constante sem aparente solução.
Resta saber se estamos conscientes da valente estupidez que representamos.
Eu estou,
não me lembro de como começou o texto.